quarta-feira, novembro 29, 2006

A proposta de ontem assustou-me mais do que pude demonstrar ao Rapha, por telefone.
Confesso que, com meus recém completados 19 anos, sou leiguíssima no assunto. E às vezes nem é culpa de ninguém, só minha mesmo, que ontem, pela primeira vez, consegui ter algo indescritível comigo mesma.

Bom, eu falo sobre sexo com qualquer pessoa e acho o assunto interessantíssimo. E as pessoas gostam de falar comigo sobre isso. Consigo fazer a Jéssica dissertar longos minutos e a Jollies perguntar como funciona alguma coisa. Olha que na minha casa, a minha formação nem se voltava tanto para isso. Há liberdade sim [apenas para tratar do assunto, é.] E digo que quase cresci achando que minha mãe havia casado virgem. Rá, pressões, pressões. Se não fossem os livros. O Kundera e a lista para tirar sarro da minha cara com livros e filmes que eu não poderia ver. Mas que vi, graças à existência dela.

Entretanto, depois de ontem tive sonhos sobre pessoas demais em um lugar só. Olhava para a Kika e percebia que, apesar da curiosidade, não havia uma vontade maior do que a que eu sinto pelo Rapha. Bom, pelo histórico, se eu gostasse de mulher, talvez tivesse um bom número disponível para escolha.
Essa história da Kika é complicada. Algo de melhor amiga perdeu-se quando ela fez uma espécie de declaração semi-esperada, enquanto eu já estava com uma certeza a respeito do Raphael e nem saberia pensar sobre o assunto. Devo tê-lo feito há um tempo já, quando aquela ruiva colocou um papel no meu bolso de trás da calça jeans. Nada, nenhuma vontade, nenhum tesão, nada. E aquela frase brega, chavão, clichê: 'Eu gosto é de homem'. E, um 'oh ié, mon dieu' pro meu namorado.

Assim, é culpa do livro e do dia de ontem.
Agora, não havendo aulas e como eu não acordei pensando em sexo hoje, melhor estudar para o italiano, fazer esse trabalho maldito de fim de semestre e estudar para o Mick Jagger.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Eu sou tão legal, mas tão legal, que se não fosse por mim, a chapa nem teria votos na ECA.
Na verdade, eu acho que é porquê eu falo demais. Ou não.

E, por culpa do calor e do banho de água fria de meia hora, paro na frente do computador, sem movimento algum. Acho que, começar, trabalho, manifesto, pensar em manifestações novas. Se eu animo, han, dá algo errado.

Rá, e nunca mais rola um 'eu te amo', que eu sou namoradinha/caso/ficante/rolo, né. Algo sério demais, fica feio.





Um beijo da Olga Benário.

segunda-feira, novembro 20, 2006

É estranho pensar em como passamos a acreditar em pseudo-premonições quando moramos longe de casa. Ou mesmo longe de qualquer pessoa que faça parte do querer-bem. Daí, pensei mesmo que fazer uma lista sobre as pessoas com quem já sonhei algo ruim e pensei em pegar um ônibus naquela direção.
Ontem, enquanto estava na cachaçaria, ouvindo alguém tocando Cordel, olhei pro lado e pensei no Rapha. Dessa vez, não foi uma vontade de ligar para ver se ele estava bem, foi de ligar por uma sensação mais forte, daquelas que causam tonturas. Procurei meu celular na bolsa e vi que o havia esquecido. Murmurei, então, para mim mesma, tudo o que eu queria dizer. Fechei os olhos e sorri quando vi a Bud voltando do banheiro.
Quando cheguei em casa, reli um bocado de e-mails antigos dele. Havia um sobre o Dragão do Mar, e um sobre um domingo, e um sobre confusões. Estranho, classificar escritos de março, abril, maio como antigos. Deveria classificar pensamentos de quatro anos atrás como antigos.
Sabe que hoje fiquei com aquela pergunta, o 'quem diria', de novo na cabeça.

Rá, deveria parar com o Chris Isaak, e toda a diversidade de músicas dele. Mesmo que, o estranho - ou não - seja o fato de haver um tema quase comum. Como o Zé disse? De 'I love but I don't give a fuck'. Ou 'I love you, but I don't want it'.

Diversão, claro. Saudades do Zé. Semi-eliminadas.

sábado, novembro 11, 2006

non te ne préoccupe pas. comme tu faite toujours.

O Peão posta Cortazár e eu recebo um 'boa noite' quando quis ouvir a voz dele.
De todas as vezes em que eu me apoiei nas meninas, ontem talvez tenha sido a mais forte. Engraçado, ouvir a Cãmi comentando alguma coisa sobre força e convicção deixou-me kinda torta. Confesso que fiquei sem saber que ação tomar.
Houve um ponto cego de sorte quando a Thais me ligou, dizendo que a chave do portão não funcionava e quando ela, finalmente, chegou aqui no apartamento.

Agora, sento-me no escuro, por raiva do sol que não se decide. Ficava pensando no filme de ontem, e em como o Almodóvar me surpreende, e em como eu tenho me esquecido. De tanta coisa, para dizer a verdade. Tenho apenas dó de mim mesma [e das meninas, claro]. De todas as minhas fugas forçadas, nada funciona. Ainda soa à Billie Holliday e pretendo livrar-me disso. Fugi de casa a semana toda. Desligo o computador para livrar-me durante uma semana de toda a espera e saudade.
Pobre moça, ainda tem um tom artificial daquele sumiço forçado que a Ana mencionou.

São festas todos os dias. Volto, hoje percebo com toda força, ao que fui enquanto namorei o Théo e o Vinicius. Rá, este último? Irritam-me as frases soltas de 'eu sou louco por você', 'volta pra mim', 'eu mudei'. Percebam-me, senhoras e senhores, certas pessoas não mudam. Apenas tenho vontade de responder com um 'só se eu puder beijar alguém na sua frente. hijo de puta'. Não digo nada. Não sinto pena. Talvez até queira fazê-lo sofrer. Alguém me disse que isso só funcionaria com uma esperança [claro, é a inimiga humana]. Sinto em desapontar, não funciona enquanto se tem certos sentimentos por outra pessoa.

Conheço pessoas tristes e uma delas, o Bruno, mencionou que fico bonita assim. Olhei pra baixo e ele viu alguma coisa. 'Não. Você fica mais bonita falando, dissertando, gritando, rindo. A tristeza é fascinante no seu rosto, mas o sorriso talvez seja melhor'. Depois, mencionou o 'não desaponta quem te vive'. Espirrei nessa parte e perdi a concentração da conversa, deixando-o sozinho no bar. Como sempre.

Toda a passividade, mon dieu. Forçando crenças na distância.

quinta-feira, novembro 09, 2006

O corte da lâmina de barbear não havia sido pequeno. Parou para olhar o sangue, que agora caminhava com a água e manchava os azulejos brancos do banheiro. O tédio fizera parte do seu dia, e observar aquele líquido vermelho compunha um verdadeiro acontecimento. Pensou que nunca mais rasparia as pernas novamente, resolvendo optar pela dor da cera de depilação.

Saiu do banho e enxugou-se, lentamente, ainda com a atenção voltada para os sangue que agora secava em seus pés. Abriu o armariozinho do banheiro e pegou band-aids. Caminhou para fora do banheiro e sentou-se, nua, na cama. Encostou a cabeça em um joelho e fez, lentamente, os curativos nas pernas. 'Estabanada'. Viu que a janela estava aberta, e que o velho do prédio ao lado a observava, satisfeito. Levantou-se, injuriada, mostrou a língua e fechou as cortinas.

A preguiça para trocar de roupa era maior, o que fez com que ela colocasse apenas uma calcinha e desistisse de algo mais, afinal, o ar parava com tanto calor. Deitou-se na cama e fitou o teto branco. Claro que a demora de alguma palavra dele já havia se tornado insuportável. Não quis acreditar que chorava e enxugou as lágrimas violentamente. 'Ele não me merece'. Passara a semana toda repetindo por quês e não havia tido resposta alguma. As duas mais constantes perguntas repetiam as palavras valor e desgaste. Achava que o pior de tudo era continuar acreditando que era linda, inteligente e fantástica. Isso não bastava?
Virou-se e quis suforcar-se no travesseiro, sentindo apenas o gosto salgado das lágrimas que ainda teimavam em cair.

Algum impulso de raiva, dor e cansaço e o grito de 'chega' a fez levantar-se e colocar um vestido preto, aquele com a fenda. Cobriu os olhos com lápis escuro, a boca com algum batom forte e soltou os cabelos. Sairia sozinha. Cansara-se de esperar por ele, cansara-se de dor, cansara-se de descaso e negligência.

Abriu a porta do apartamento com força e decidiu descer os cinco andares de escada.
Enquanto descia lentamente os degraus e balançava os cabelos com desantenção, tropeçou em alguma coisa. Alguma coisa, não. Em alguém. Um rapaz que lia alguns papéis repletos de escritos à mão.

- Nossa, ai, desculpa, eu não te vi aí - dizia, rapidamente, enquanto mexia os braços em movimentos repetidos.
- Não, imagine. Tudo bem.
- Ah, machucou? Nossa, que desastrada.
- Mas, claro que não. E quem me dera que um belo par de pernas como esse tropeçasse em mim todos os dias.

Ficou desconcertada. A última coisa que esperava naqueles dias era um elogio. Não conseguiu dizer nada.

- Poderia me dizer qual é seu nome?
- Ah, ahn. Claro.
- E, qual é?
- Ah, desculpa. Cecília.
- Prazer, Gustavo - disse, enquanto apertavam as mãos.

Ela não saberia como se portar diante daquilo. Deixara de perceber outras pessoas por causa dele e até mesmo a evitar e desgostar de cantadas. Repensou e viu que, no fundo, não passava de auto-anulação.

- Então, eu estava aqui lendo alguma coisa, mas a atenção foi cortada e, sabe como é, né. Quer, erm, tomar um café ou algo assim?
- Ah, descul.. - e cortou a palavra antes de terminar. O que estava fazendo? Conheça o rapaz, saia com ele, distraia-se, esqueça-o - ah, claro!
- Que bom, que bom. Tem um barzinho aqui perto muito bom.
- Claro, vamos, sim.

Desceram as escadas e sairam pela rua. Ela não sabia o que estava fazendo, ainda, apenas coninuava a andar. Sentia raiva, vontade de fazer algo que o fizesse reparar nela, perceber que nem tudo era tão garantido como ele imaginava.
Talvez até fosse, e ela sentia ódio pelo amor que não conseguia fazer diminuir. No bar com o recém-conhecido Gustavo, não cortou as indiretas, deu o telefone e não teve peso na consciência. Quis estar em casa e ter alguém que ligasse para ela, mesmo sabendo que iria, imediatamente, negar qualquer convite que permitisse um avanço maior do que uma saída como amigos.

Deixou que ele beijasse sua mão e entrou no apartamento, sorrindo por ainda ser interessante para alguém. Não sentia-se mais feia e esquecida. Deitou, novamente de calcinha, em sua cama e não ouviu quando ele chegou e deitou ao seu lado, sem dizer uma palavra sequer. Virou de costas e sentiu que ele percebeu algo errado.
Sua maior satisfação foi tirar as mãos dele de sua cintura.

- Estou cansada agora. Quero dormir.

sexta-feira, novembro 03, 2006

É sempre assim. Eu acabo dando um soco e depois parando pra pensar.


Acabei acordando ontem depois de ter dormido durante 12 horas. Pensei no quanto estava cansada e no quanto eu deveria parar com certas coisas, como ficar saindo durante a semana ou dormir com meninas que falam tanto quanto eu.
Depois do almoço, parei na Teodoro em uma tentativa diferente de pegar um ônibus ao invés de um metrô para ir à Paulista.Optei, logo em seguida, pelo mais rápido e subi até a estação, encontrando a Cãmi já há 15 minutos esperando.

Dani e Du logo depois. Comprar ingresso para o filme. Dani e Du almoçando. Esperar a Mupy chegar.
O divertido foi, quase saindo do Center 3, a Dani dizer algo sobre como estava escuro do lado de fora. 'Vou lá pegar guarda-chuva'. É. Chovia como eu nunca havia visto ao andar pela rua. Sandálias acabadas, tênis encharcados, todo mundo rindo e gritando como boas ecanas+mackenzista.
Até o CineSesc foi uma odisséia. Mas entrar no cinema e ver aquele piano na elevação perto da tela fez todo mundo se animar. 'Histórias tenebrosas', filme alemão, mudo, de 1919. O homem do piano [Paulo Braga, improvisando de acordo com as imagens, claro.] sentou-se e a tela mostrou algo sobre o filme, sobre censura e sobre partes perdidas. Foi um dos filmes mais interessantes que eu já vi em toda minha vida e digo sem pestanejar. Ah, além de tudo? Irônico. Muito. A platéia ria um bocado e o filme tinha certos efeitos absurdos [mas que a gente ainda defende pela época de filmagem].

Ah, como ele começa? Um homem louco em um sebo, manda todo mundo do local embora e fica pulando pulando, apagando a luz logo em seguida. Os três quadros, claro, movem-se: uma mulher [estranha, estranha e estranha], um homem muito alto e muito magro e um outro mais gordinho. Claro, vestidos como mortos or something. Then, folheiam os livros e é quando os contos são mostrados. São cinco. 'A aparição', 'A mão', 'O Gato Preto' [sim, esse mesmo], 'O clube dos suicídas' ['morreu de susto' ;p] e 'A Assombração'.
Experiências únicas, eu pensava quando o filme acabou e aplaudimos o pianista em pé.
Outra coisa? um dos atores do filme é Conrad Veidt. Isso, ele mesmo, do Casablanca.

Depois. Casa da Dani, caipirinha de saquê, pizza e, obviamente, conversas sobre sexo. Tarde para mocinhas irem sozinhas para casa, a Cãmi dormiu aqui. Das 22:00 às 3:00. Eu nunca havia conversando tanto com ela e sobre tanto e tudo o mais. Certa de que ela é impressionante.
Just now, ela levantou antes de mim, arrumou a cama e foi embora..

Segundo ela, eu preciso arranjar algo que fazer.
Claro, além de ler, textos da faculdade e trabalhos.
Arrume um empregou ou prostitua-se.