quinta-feira, abril 26, 2007

Hoje eu vi mesmo o rapaz no ônibus.
Gustavo chegando, pegando minha mão e dizendo: 'você é a mulher mais linda que eu jamais vi na vida'.
Acho que senti lágrimas nos olhos; nada de felicidade. Invadiu-me a tristeza mais tristeza possível. Solucei e ele se assustou. Travamos uma conversa de alguns minutos; o ônibus já chegava na Arqueologia.

Foi esquisito, acho.
Sentei-me na frente da biblioteca e chorei. Chorei pela perda, chorei por achar que realmente não tem mais jeito. Chorei por ser imbecil e dormir com uma frase na minha cabeça. 'Não temos por quê terminar'. Frase minha, acho eu. Não há razões. Não para mim. Eu já tive certezas de que é com ele que eu quero ficar; não para sempre [mais]; para agora, para hoje. Convenço-me que, depois disso, serei a pessoa mais amarga do universo. Não quero me relacionar com as pessoas.

Claro que ele vai dizer que eu vou conseguir outro rapaz, que eu vou ficar bem, esquecer. Mas não. Talvez ele não entenda.
Mas, caralho. Eu juro que não quero outra pessoas. Eu juro que não posso sem ele.

Então, por que você? Se ele estivesse mesmo disposto; não haveria os 'calma, moça'; ele teria me ligado, com algum medo. Isso não existe.
Receio ter acabado...

quinta-feira, abril 12, 2007

La muerte, como diz a irmã da Lu.
'Explodirá em Angra', diz o Zeca.

Rá, estamos todos sobre os efeitos absurdos gerados pela imensa nuvem negra que paira sobre a ECA. Sim, estamos todos, todos com exceção do Daniel e do Hugo e do Danilo, rumando à loucura. Pois é; chega a ser chocante o desânimo total.
Associemos à quantidade gigantes de trabalhos: 'sim sim! é isso!'. Não, né. Tem mais. Tem a iniciação científica: 'rá, agora só pode ser isso!'. Não, tem mais. Tem aquela quantidade básica de textos que, pela primeira vez, começo a evitar. 'Arrá!'. Nope. Há, também, o movimento estudantil. Olha, tem a semana do Canil, próxima. 'Olha, só, achamos a causa de todos os males!'. Ahn, quer ver? Tenho a optativa à tarde, tenho o italiano. Tenho que comer, olha. Tenho que limpar o apartamento, tenho que lavar louça, roupa; tenho que dormir.Ahn, tenho uma vida social. Tenho que ler e ir ao cinema, sempre. Tenho museus. Rá, tenho que juntar dinheiro. Ahn, tenho um namorado que mora longe. Tenho que tomar banho. Tenho, ahn. Ah é, tenho que respirar.

Julguemos, claro. Eu acho tempo para tudo isso, milagrosamente. Não, eu acho tempo para tudo isso porque eu quero. Eu acho tempo para tudo isso porque cada uma dessas coisas, sem exceção, é importante. E eu amo cada uma delas.

Ah! Eu ainda tenho espaço para ter uma crise de dúvidas; a respeito de tudo, tudo.


Sinceramente? Eu sou jedi. Sem sombra de dúvidas.
Ou vou morrer. Sem sombra de dúvidas; também, que será em breve.

domingo, abril 01, 2007

Ontem à noite, tudo voltou. Nunca havia me sentido tão dolorida.
Sem vontade de descrever um sentimento como aquele, ou coragem, vou à parte de ligar para a Kika.

'Kih, pelos deuses, não dorme. Eu estou desesperada. Eu preciso de você, agora'.
'Vem pra cá'.

Peguei o carro, às nove e quarenta da noite, e corri até a casa dela. Quase bati o carro duas vezes.
Parei em frente a um portão já aberto e uma moça de camisola e cabelos desarrumados entra no carro para encontrar uma outra moça de cueca e camiseta, aos prantos.
Rá, chorar horrores, xingar, amaldiçoar; tudo com direito à mais sincera crise de auto-estima dos universos; com a Kika dizendo que preciso de ajuda profissional, rindo bastante por achar-me idêntica a ela nos momentos de desespero.

Ela entrou correndo na casa e pegou um copo com algo laranja de altíssimo teor alcoólico. Bebemos em dois goles. Volta, enche mais e traz, além do copo, um pileque com algo com mais acoól ainda. 'Vodka e whiskey, né'. Tá bem.
Já com aquilo tudo no estômago, enquanto eu continuava chorando, ela fechou a porta, entrou no carro e disse: 'Vamos misturar mais alguma coisa aqui'.
Saímos rindo, com o carro não seguindo aos meus comandos, em busca de casais que se pegam em carros. Nada mais divertido, nada mais brochante. Decidimos parar em um posto para cerveja. 'Vamos lá pro nosso lugar na estação'.
Um casal se amassava do lado de fora do carro e nós duas ficamos dando de vouyer, enquanto ela mostrava os toques de celular. Claro, eu em carro, derrubei toda a cerveja no porta-níqueis e ficamos rindo, muito.

Deixar ela em casa e voltar melhor, quase batendo o carro mais que duas vezes e cantando 'The great gig in the sky' [é, daquele jeito, 'cantar' essa música traduz-se como gritar um pouco].


Minha vida, acho, baseia-se na felicidade que ela tem o poder de trazer. Nunca fique bem tão rápido.


Ah, mas chegar em casa e deitar a cabeça no travesseiro, pensando nele, é outra história. Não dormi por conta das bebibas e por conta da tristeza e noção-de-estupidez que tomaram vieram, a cada lenta hora.