alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João, é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi, da dura poesia concreta de tuas esquinas, da deselegância discreta de tuas meninas;ainda não havia para mim rita lee, a tua mais completa tradução, alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruzo a ipiranga e a avenida são joão;
quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto, chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto, é que narciso acha feio o que não é espelho e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho, nada do que não era antes quando não somos mutantes;
e foste um difícil começo, afasto o que não conheço, e quem vende outro sonho feliz de cidade aprende de pressa a chamar-te de realidade, porque és o avesso do avesso do avesso do avesso;
do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas, da força da grana que ergue e destrói coisas belas, da feia fumaça que sobe apagando as estrelas, eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços, tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva;
panaméricas de africas utópicas, túmulo do samba, mais possível novo quilombo de zumbi, e os novos baianos passeiam na tua garoa, e novos baianos te podem curtir numa boa.
ô, meu amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário