delicinha de texto que eu achei num blog antigo meu. diverti-me tanto.
'do 'eu não sou feminista' fator-lógico'
Eu não sei o que é o feminismo.
Sei da existência da palavra, sei que existem definições do dicionário, sei que existem pessoas com grupos que organizam ações e coisinhas do tipo totalmente baseadas neste fator feminismo. Sei até o que é um fator. Só que a discussão vai um bocado mais além.
Acho que é a Wikipedia que diz que o feminismo enquanto movimento teve origem no século XVIII, com a tal Mary Wortley Montague e a Marquesa de Condorcet.
Mas foi com o começo de algumas revoluções quase-populares, como a própria Revolução Francesa [que de popular nem tem muito, mas mesmo assim, né], que as mulheres começaram a ter direito a manifestação de opiniões e coisas do tipo; através de partidos de esquerda.
Daí, os movimentos feministas passaram a ficar intimamente ligados aos movimentos políticos; pela defesa de direitos naturais iguais. Com muitos anos se passando e um bocado de soutiens sendo queimados; registra-se, por exemplo, a instauração do casamento civil e a legislação do divórcio [apesar de eu achar que ela ainda tem umas falhas]; o direito ao voto; crescimento das oportunidades de trabalho para mulheres e salários mais próximos aos dos homens [rá, muito longe, ainda, de oportunidades e promoções equiparadas]; direito ao aborto, e alguns fatores afins.
Acontece que, neste tal século super avançadinho, a noção de feminismo se perdeu quase que por completo. Parece-me que há alguma espécie de revestimento negativo na busca pela dissolução do fator-lógico que permeia suas antigas definições. Soa como algo obsoleto e ultrapassado; como se as mulheres do mundo já houvessem adquirido todas as coisas necessárias para uma sociedade mais igualitária.
Essa negatividade existe em uma busca por acabar com a chatice que virou tudo isso. Mas, acontece que, em um mundo onde eu ainda sofro preconceito de cobrador de ônibus, piadinhas ridículas quando dirijo, ou mesmo quando corto meus cabelos curtos; alguma coisa está errada. Juro que encaro tudo com o maior bom humor, mas que bando de nojeiras. Quando existem pequenas cutucadas amplamente permitidas e milhares de mulheres apanhando dos maridos e tendo, até mesmo, seus clitóris sendo cortados para que não possam sentir prazer, algum novo movimento precisa ter início. Tudo bem que eu acredito que existe uma luta surda, quase muda enquanto fraquinha desse jeito, de mulheres crescendo em seus mercados de trabalho, de filhas se rebelando contra criações machistas em suas casas; mas o processo é de conscientização.
E eu me pergunto, novamente, o que é o feminismo; e se todas as conquistas serviram como lição. Se tudo o que nós, mulheres, temos hoje em dia. No meu exemplo, já tive vaga de criação perdida por ser um mercado quase exclusivamente masculino. E num mundo tão avançadinho como o publicitário. Cadê todos os efeitos na educação moral do mundo?
Não estou pregando o ódio contra os homens, muito pelo contrário. É só, ô gente; parar com toda essa bobagem de salário menor e ‘mulhertemqueficaremcasa’. Na minha singela opinião, todo mundo tem que ler a Simone de Beauvoir, né.
E o término. Que postagem confusa.