terça-feira, julho 28, 2009

delicinha de texto que eu achei num blog antigo meu. diverti-me tanto.

'do 'eu não sou feminista' fator-lógico'

Eu não sei o que é o feminismo.
Sei da existência da palavra, sei que existem definições do dicionário, sei que existem pessoas com grupos que organizam ações e coisinhas do tipo totalmente baseadas neste fator feminismo. Sei até o que é um fator. Só que a discussão vai um bocado mais além.

Acho que é a Wikipedia que diz que o feminismo enquanto movimento teve origem no século XVIII, com a tal Mary Wortley Montague e a Marquesa de Condorcet.

Mas foi com o começo de algumas revoluções quase-populares, como a própria Revolução Francesa [que de popular nem tem muito, mas mesmo assim, né], que as mulheres começaram a ter direito a manifestação de opiniões e coisas do tipo; através de partidos de esquerda.

Daí, os movimentos feministas passaram a ficar intimamente ligados aos movimentos políticos; pela defesa de direitos naturais iguais. Com muitos anos se passando e um bocado de soutiens sendo queimados; registra-se, por exemplo, a instauração do casamento civil e a legislação do divórcio [apesar de eu achar que ela ainda tem umas falhas]; o direito ao voto; crescimento das oportunidades de trabalho para mulheres e salários mais próximos aos dos homens [rá, muito longe, ainda, de oportunidades e promoções equiparadas]; direito ao aborto, e alguns fatores afins.

Acontece que, neste tal século super avançadinho, a noção de feminismo se perdeu quase que por completo. Parece-me que há alguma espécie de revestimento negativo na busca pela dissolução do fator-lógico que permeia suas antigas definições. Soa como algo obsoleto e ultrapassado; como se as mulheres do mundo já houvessem adquirido todas as coisas necessárias para uma sociedade mais igualitária.

Essa negatividade existe em uma busca por acabar com a chatice que virou tudo isso. Mas, acontece que, em um mundo onde eu ainda sofro preconceito de cobrador de ônibus, piadinhas ridículas quando dirijo, ou mesmo quando corto meus cabelos curtos; alguma coisa está errada. Juro que encaro tudo com o maior bom humor, mas que bando de nojeiras. Quando existem pequenas cutucadas amplamente permitidas e milhares de mulheres apanhando dos maridos e tendo, até mesmo, seus clitóris sendo cortados para que não possam sentir prazer, algum novo movimento precisa ter início. Tudo bem que eu acredito que existe uma luta surda, quase muda enquanto fraquinha desse jeito, de mulheres crescendo em seus mercados de trabalho, de filhas se rebelando contra criações machistas em suas casas; mas o processo é de conscientização.

E eu me pergunto, novamente, o que é o feminismo; e se todas as conquistas serviram como lição. Se tudo o que nós, mulheres, temos hoje em dia. No meu exemplo, já tive vaga de criação perdida por ser um mercado quase exclusivamente masculino. E num mundo tão avançadinho como o publicitário. Cadê todos os efeitos na educação moral do mundo?

Não estou pregando o ódio contra os homens, muito pelo contrário. É só, ô gente; parar com toda essa bobagem de salário menor e ‘mulhertemqueficaremcasa’. Na minha singela opinião, todo mundo tem que ler a Simone de Beauvoir, né.

E o término. Que postagem confusa.

terça-feira, julho 14, 2009

Dia frio por demais pra quem falta calor; os dias não perdoam nem a si mesmos, e se atropelam quase sem pressa.
É assim que o amor se sucede - pálido, parece feito de louça - .
Frágil amor o que moldamos de vento e distância.
Em cada brecha, sempre. Pra te dizer que é imenso e arredio, como uma foice a cortar a noite escura. Mergulha nela, em mim.
Notívagos, caminhamos por entre nossos próprios corpos a buscar o indizível toque - nossos segredos de inverno - .
Quero tua voz dentro de mim, a me calar.
Agora. E sempre.

Frágil, por sentir que a um toque dos longos braços do tempo, ele quebra. Forte, por sabermos que há um muro que impede esses mesmos braços. Mas não os nossos. Nunca os nossos.
É de únicas vezes que eu sou feita. É de inigualáveis vezes que você me fez.
Eles dividiam um espaçoso apartamento há dois anos. Muito precocemente, chegaram à conclusão de que não viveriam um longe do outro. Chegou a achar impossível um interesse por qualquer outro representante do sexo oposto, 'um exagero', pensou durante a última semana. A idéia de possuir um endereço em comum ainda a acomodava, ainda dava uma sensação de segurança. Ou mesmo um compartilhamento de cama e cobertores, ombros e braços, pernas e meias. Odiava se anular perante a presença dele, mas sabia que não poderia deixar de se render.

Haviam se conhecido quando ele, num ato alheio à sua personalidade, resolveu frequentar uma aula de dança flamenca. Ela, a professora, o encantou profundamente. Ele não se conteve ao olhar aquelas pernas, os joelhos e os calcanhares. O cabelo negro e espesso fazia um movimento contínuo, uma dançar que o embalava. Não pôde evitar o desejo. Ela o ignorava, sustentando a posição de meta a ser conquistada, como uma mulher faz quando sabe que é desejada. Ele perdeu o chão e os braços e ela ria dele. Fizeram amor naquela mesma noite. Mudaram-se para o apartamento comprado com anos de economias um mês depois de terem se conhecido. Nada era precipitado naquele ano, de paixões ardentes e música.

Os dois anos passados foram intensos, repletos de novidades exageradas. Ele descobria o corpo dela, ela aprendia sobre o mundo. Não entendia como um homem como ele, casmurro, um intelectual e literato, pudesse interessar-se por uma professora de dança flamenca. 'Os opostos se atraem', ele comentava enquanto beijava a nuca dela, branca como os lençóis, e passava a mão morena por suas costas. Hoje, ela julga uma fantasia.

A idéia do endereço em comum passou a incomodá-la quando ele recebeu uma carta. O cheiro e a letra de mulher a intrigaram. Ela sabia que não podia lê-la. Foi dessa impossibilidade que teorias fantasiosas surgiam à sua mente. 'Abro para evitar uma possível morte por coração'. Com o vapor que saia da água que brobulhava, o envelope se abriu. Convites aceitos e conversas fascinantes mostravam o texto como uma resposta. 'Típico dele, as longas conversas. Uma amiga'. Enquanto passava os olhos pelas letras, percebia um carinho que nascia de cada palavra e de cada sentido por trás delas. Sabia que era o tipo de mulher que o atraía. Pousou o envelope sobre a bancada da cozinha e sentou-se. Com a cabeça apoiada na mão direita e a esquerda passeando pelos cabelos, ela pensava em amantes. 'Talvez ele queira mesmo ter duas mulher. Uma que o satisfaça fisicamente; outra, intelectualmente. Tão justificável'. Mas pensava e não era o bastante para evitar o peso no peito. 'Por que ele não fica com uma? Tenho a certeza que ele consegue enxergar beleza em qualquer mulher'. Não evitou a raiva e nem quis fazê-lo. Sentia-se no direito de interrogar. Até mesmo de parecer ciumenta, posição que nunca ocupou devidamente. Queria fasciná-lo. Queria justificar algo cheio de impossibilidades. 'Homens...'. Algo como vingança? Não queria sentir tal absurdo. Ele estava com ela.




[metade de texto encontrado em um dos meus cadernos. continuar.]

quarta-feira, julho 08, 2009

Preciso arrumar alguma para fazer aqui senão eu vou embora. ae hahaha

sábado, julho 04, 2009

O momento certo é realmente tudo na vida?

A minha crise principal, que vem me acompanhando há uns bons meses, mais precisamente desde que Raphael terminou o namoro comigo. Entrei em uma boa onda de pensamentos sobre como começar a dar reais diretrizes para a minha vida.

Eu só, tão, não quero que ela seja medíocre. Obviamente, para mim.
As perguntas ficam cada vez mais pontuais, envolvendo alimentação, postura, exercícios físicos, horários.
Até que o obviamente nem é tão obviamente assim.
Ando reclamando da pressão subentendida. Às vezes nem é fraqueza.

Sabe quando há tanta, mas tanta vida, tanta vontade; e essa necessidade de filtragem sobre o que passar. Pra quê segurar?

Medinho.

sexta-feira, julho 03, 2009

A dor de cabeça não passa.
Abri uma cerveja, buscando aquele amortecimento para tentar fazer a dor passar.

Em vão.

Fiquei pensando se eram lentes de contato com grau mais fraco, ou qualquer coisa do tipo. Venho me achando tão cega ultimamente.
Mas, não é o cansaço?
O cansaço que corrói os olhos, as costas, a boca, as mãos.
Ando experimentando esse tipo de coisa, ultimamente. Todas elas tão parte desse ritmo novo de vida.
Estar tão envolvida com cada uma dessas partes e crises e tudo o mais.
Faz uma parte grande dos meus dias, por ora. Sentir.

Enquanto passa algum filme da minha infância e nada faz efeito para que essa dor passe.
A constante é incrível.
Mas, finalmente satisfeita.