terça-feira, agosto 21, 2007

Hoje eu fiquei lendo alguma coisa na internet e ouvindo Feist enquanto devia estar lendo um bocado de coisas ou fazendo o maldito pauêr-póinti do Ismar-de-psicologia. Nah, eu sei me divertir, acho, que o suficiente. Mas, droga, isso consegue ser uma adversidade enquanto eu tenho que fazer uma série de outras coisas. Ou, rá, hahaha, isso é tudo problema de dificuldades de concentração e tal.

Uma vez meu pai me disse que eu era 'avoada'. Palavra engraçada essa. Retarda, lerda, 'lêínta', desligada. Atrapalhada? Haha, hoje só sei que tá todo mundo é bem muito certo. E foda-se.
[nota: juntar o 'se' com o bagulhinho lá, o 'e'. meus conhecimentos se esvarem* rapidamente]
Hum, engraçado. O som da máquina de lavar e minha preguiça. Isso! Lembrei, é preguiça; das grandes. E eu ainda nem terminei de ler Harry Potter. Hum, sorte-sorte-queninguémlê. Harry Potter dá vergonha, confesso; nem consigo encontrar no fundo do bauzinho de neurônios o que me atrái nele. Só curiosidade, só curiosidade. Iei.

Ontem eu comprei uma garrafa de vinho e uma taça, da necessidade de ter uma, anyway. Lembrei-me, já no elevador, que não tinha saca-rolhas. Sorri, do Raphael dizendo há muitos meses que ia me dar um, por conta do episódio da tesoura.
Ele foi repetido e eu me sujei toda, mas dormi no tapete da sala, com manchas nas calças de dormir e nele mesmo. Meleca. Quando ele ligou, dei-me conta que precisava limpar antes que meu irmão voltasse. Fiquei rindo até às três da manhã, bebendo mais, e limpando o tapete.

Engraçado como eu gosto de tentar esquecer tudo e como são esforços em vão.



Sabe qual é o problema? É que todas as pessoas que te cercam, já tiveram algo contigo, ou já foram teus objetos de desejo. Nem sei como andam suas vontades hoje, não sei como funciona teu corpo e tua cabeça nesse sentido; de recaídas. Existem, não-né?



Nossa, eu preciso ler. Deuses, vagabunda.

terça-feira, agosto 14, 2007

Eu ando desligada e desconfortável. Que eu ficava vendo o 'The fascination of light and shadow' e olhando para o semi-lido Harry Potter em cima da mesa. E eu nem tenho bonequinhos de demonstração de humor no blog. Rá, she does.

Aliás, perder tempo, né? Como é que o Tom definia isso, enquanto estávamos bêbados no teto do Canil? É pensar em quando acaba só pra ver o quão importante as coisas foram. Isso era perder tempo? Para ele, também, perder tempo era ficar no seco enquanto tudo lá fora estava molhada. 'Sabe, Gábe, a gente corre pra chuva e sempre, tudo fica mais bonito e mais frio e mais choque e mais gostoso'. O Tom sempre me acompanha nisso, de sentimentalismo. Not the same for everybody, friso. Quando eu pensava nele e ligava, imediatamente, 'Corre pra cá que tem um fardinho de cerveja gelada'. E sempre era divertido o quanto a gente conversava. Ainda é. Tudo isso veio de saudade. Ele dormiu aqui hoje, depois do almoço, enquanto assitíamos a alguma filme de sessão da tarde.

Sabe, perder tempo, então, é não poder ligar e dizer 'posso te encontrar mais tarde'? Nah, ele tava errado quando disse isso um dia. Tô me sentindo imensamente nova, por conta de tanto. Não soam meus 19 anos que nunca dizem nada. Talvez, se a velhice viesse e eu pudesse me deitar com o Tom em uma cama, de mãos dadas, e conversaríamos sobre tudo o que passamos, e seríamos velhos e sábios de igual pra igual.
E eu nem tenho muitos amigos assim.

Quando eu começar a listar, eu lembro da Dani, da Kika, do Tom. De alguns outros. Até chego a encaixar o Raphael aqui, mas eu não seria encaixada de lá; ele nunca me procura quando precisa. Got used to it, talvez eu até ache que possa procurá-lo pra ouvir um 'sinto muito' e ficar bem. Or not. Há sempre aquelas pessoas para as quais eu tenho que ser forte e inatingível. E, engraçado, as minhas veias abertas - abertas por estas pessoas - sangram abertamente. E isso não acontecia.

Não sinto falta de ser fria. Minhas paixões crescem e eu sei o que é amar e ter tudo isso com planos. Sei, finalmente, para onde andar em qualquer coisa de pseudo-profissional que eu queria fazer. Fico melhor só, fico bem bêbada e quando fumo maconha.
Never better, ouviria; never better.

Hoje, eu listo Raphael e sorrio. Meu blog sai do fundo de angústia para a luz e eu penso em tanta coisa melhor. Bleh, soa como auto-ajuda. Salva por tudo, e por meu apartamento solitário nas tardes paulistanas.

Sabe, deu até vontade de ir ao cinema e pensar no Rapha e em como tudo tende ao triplo-melhor em dois anos.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Daí eu descobri que passei a metade da minha vida totalmente suscetível às tentações mundanas a aos delírios falsos que a cultura de massa proporciona. A outra metade veio, julgo eu, quando me mudei para São Paulo e entrei em uma busca infinita para conseguir limpar toda essa primeira metade de não acréscimos indo a cinemas, museus, teatros, tendo discussões interessantes e descobrindo um mundo musical underground. Encaixei-me na cultura do pseudo-cult.

De onde surge essa definição escrota do que deve ser lido ou ouvido ou visto, separando uma elite intelectual de outras camadas sociais? Ora, certamente foi o Adorno ou o Horkheimer ou algum dos rapazes norte-americanos ou ingleses que falavam sobre dialética de esclarecimento. Quem sabe o que aliena ou não? Se pessoas ainda conseguem tecer monografias em novelas. Penso que eu não sei me posicionar perante essas coisas, mesmo chamando um bocado delas de escrota e de outras palavras inomináveis.

Rá, falo isso que hoje me vi relatando um episódio do programa daquela mocinha, a tal da Márcia e da encenação toda e de como eu consegui rir um bocado ontem à tarde. E sobre o 'Super Sweet Sixteen', 'Pimp my Ride', 'Why can't I be you?', 'Made', e afins.

E, sendo hipócrita, dou-me a desculpa; sou inteligente o suficiente? Mas que cretinice é essa?
Pra pensar mais tarde.
Janela de felicidadezinhas piscando. =*

domingo, agosto 05, 2007

A morte é anterior a si mesma.

Começa antes, muito antes. É todo umlento, suave, maravilhoso processo. O sujeito já começou a morrer e não sabe.
Morrer significa, em última análise, um pouco de vocação. Há vivos tão pouco militantes que temos vontade de lhes enviar coroas ou de lhesatirar na cara a última pá de cal. Esses, sim, têm a vocação da morte.

Há, em qualquer infância, uma antologia de mortos.
Na hora de morrer, e quando sabe que está morrendo, todo homem tem umolhar de contínuo.
Há na morte por intoxicação alimentar um inevitável toque humoristico, que humilha o cadáver e compromete o velório.

Para mim, qualquer morta tem mais densidade do que qualquer morto.
A morte natural é própria dos medíocres. O medíocre tem de fazer umaforça tremenda para morrer tragicamente. Ele morre de gripe, de pneumonia ou da empada que matou o guarda. Já o grande homem sempre morre tragicamente. Veja o caso de Lincoln, de Gandhy, de Kennedy.
Há uma inteligência da morte, assim como há uma bondade da morte.

O que vai morrer já olha as coisas, as pessoas, com a doçura do último olhar. Eu diria que é a saudade antes do adeus.
O sujeito procura esquecer que o homem é também o seu próprio cadáver. E ele, queira ou não, não destruirá jamais a sua vocação para a morte.
Nada mais falso do que o medo de morrer, e eu diria que nós fazemos tudo para morrer o mais depressa possível. Os nossos hábitos, os nossos usos, os nossos vícios, as nossas irritações mal disfarçam a vontade, a urgência, a fome da morte.

Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.

A morte é um grande despertar.

Por Nelson Rodrigues, claro.