quarta-feira, setembro 12, 2007

Daí; eu fiquei a pensar em limites pessoais e em como eu realmente quero me exaurir de forças. Acho que é uma alternativa para a 'cabeçavaziaoficinadodiabo'; o caralho. Eu precisava mesmo daquele estágio, e ainda não obtive uma ligação de retorno or something. Mas, só esperar.

'A menina dormiu com os braços cruzados como travesseiro em uma mesa da biblioteca; ronronando suavemente, seguindo o subir-e-descer dos ombros. Ela achava que a melhor coisa do mundo inteiro era dormir na biblioteca, logo após comer alguma coisa. Ou não; há alguns dias ela não come nada. É tudo culpa dele, claro. Mulheres como ela nunca aprenderam a lidar com a racionalidade, ou com a saúde. Ela bebia um bocado todos os dias e vivia dizendo para si mesma que nada tinha a ver com um alcoólatra em potencial. Fumar maconha era uma diversão semanal; de bater cartão em todos os finais. Um dia, ela experimentou outra coisa e não gostou; de sintético bastava seu relacionamento. Aliás, ele agora não existia. Kings of Convenience se tornou chato e não mais romântico; ela começou a gastar dinheiro com roupas e bolsas e sapatos; parou com os livros e deixou de lado a família. Tudo o que ela queria era dormir na biblioteca. Um mundo todo está lá fora, diziam; mas era mentira. Ele estava lá fora, e ela tinha muito medo dele. Pra quê esse medo, mulher? Ela tinha medo de sair e de cair novamente; de se esfregar aos pés dele [como certamente o faria; uma excelente apaixonada, ela era]; de amar. Era isso, ela tinha medo de amar; ela aprendeu a ter medo de amar, e não a se virar como era o esperado de alguém sem alguém. Medomedomedo. Nunca mais vou querer um homem; nem tampouco quero uma mulher. Eu quero só dormir, só dormir; me deixa.
Naquele dia ela dormia profundamente. Tentaram acordá-la. A menina dormia.
Dormiu um mês; dois; um ano. A menina dormiu. A menina foi esquecida; esqueceram os ombros que subiam e desciam; esqueceram Kings of Convenience; esqueceram dos tempos de amor.
A menina dormiu e, finalmente, morreu.
A menina morreu dormindo na biblioteca após não ter comido nada; como estava a fazer há dias. A menina morreu após o esquecimento.
Depois da menina, e, no outro dia; ninguém mais sorriu.'

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