segunda-feira, agosto 24, 2009

Na semana passada, enquanto eu estava passeando pela minha cidade natal, minha mãe reclamou sobre eu ficar impressionada demais com os filmes que assisto e livros que leio.
Neguei veementemente, disse que sabia muito bem como deixar determinado tempo pré-cronometrado de reflexão, e guardar essas informações meio fundo para apenas serem tiradas quando preciso.

Acontece que hoje eu assisti a um filme que parece ter provado o que ela disse.

Rainer Wenger é um professor que fica responsável por ministrar um curso de uma semana sobre Autocracia a uns alunos do Ensino Médio.
Diante da descrença dos alunos com a possibilidade que um governo ditatorial possui para emergir a qualquer época da humanidade, o professor resolve fazer uma experiência-limite.
Começando com ensino de postura e respiração correta, a experiência toma proporções, conforme passam os dias da semana, que vão além do controle do professor.
O uso de uniformes, a invenção de uma saudação, criação de um nome, de uma logomarca; tudo isso contribui para criar nos alunos a sensação de fazerem parte de um movimento que pode mudar a Alemanha.


Os limites da convivência com o que é diferente, com o que não faz parte da chamada 'A Onda' são testados. Começam ações de violência e exclusão, mais e mais jovens aderem ao movimento.

O filme chega a um final um bocado tenso, o qual eu não pretendo revelar.

'A Onda' é um filme baseado em uma experiência acadêmica real, de 1967, que tomou lugar em uma escola de uma cidade da Califórnia.
O nome do professor é Ron Jones e ele ministrava história.
O filme é bastante fiel à história real [apesar de passar na Alemanha, o que nos dá uma sensação de muito mais proximidade ao Nazismo], que foi publicada em livros e ensaios e é bastante boa para ser lida.

O professor Ron foi preso e proibido de dar aulas em escolas públicas.

O que mais me impressionou foi a facilidade com que um regime autoritário pode emergir a qualquer momento, em qualquer país. Fiquei pensando se o fato de serem alunos, e de eles serem muito mais abertos aos ensinamentos de outra pessoa [neste caso, potencializado pela figura de um professor] tenha tornado mais fácil a criação de um ambiente como aquele.
Ou se é o ser humano que tende a se agrupar e a agarrar o ideal de 'nacionalismo'.
Fica o questionamento sobre a maneira como o professor lidou com as noções de individualismo e sentimento de grupo.

Ao fim, vale a pena e se impressionar. A experiência traz uma abordagem psicológica do totalitarismo, bastante fundamental para entender um outro lado.






Quem quiser ler, clique aqui para ler o ensaio 'The Third Wave', do professor Ron Jones.

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