domingo, agosto 02, 2009

Toda vez que eu faço uma entrevista, alguém me pergunta por que eu escolhi fazer Publicidade.
Do alto do meu egocentrimos natural de publicitária, dizia que tinha nascido para a profissão, que era comunicativa, que achava tudo muito divertido.

Mas, para falar a mais pura verdade, eu não acho que tenha uma resposta direta para a pergunta.
Não que eu ache que foi como quem escolhe Administração, por não haver nada mais pontual para escolher ali na ficha de inscrição do vestibular. Só, aqui bem no fundo, eu confesso que às vezes não sei.

Publicidade, para quem está do lado de fora, tem aquele glamour violento, brilhante. Todo mundo é cool, todo mundo é inteligente, todo mundo é criativo e conhece tudo sobre tudo. Para uma garota de 17 anos, até pareceu tudo isso.
Bem dentro do meio, nem é tudo isso, sabe. Virar noites, fazer as vontades de clientes, o clima de briga todo-mundo-passa-por-cima-de-todo-mundo, guerra de egos, premiações pseudo-superiores. A relação é quase de amor e ódio.

Quem é publicitário não tem muito outra vida não. O almoço de família do domingo é tão trocado por horas de trabalho. A noite de sexo com a namorada passa a ser imaginária quando tem aquele anúncio pro dia seguinte. Tudo é tão assim que a gente fica pensando que quem escolhe fazer Publicidade, escolhe como escolhe um amante, um amigo novo, uma coisinha que a gente julga melhor que todas as outras. É quase sempre algo em detrimento de outro.

Como um brinquedo novo. A gente ganha um, todos os outros vão para o fundo do armário. E a gente brinca só com aquela pecinha brilhante, linda, uma novidade. Só que a pecinha é um artigo de hipnose que nunca mais deixa a gente conseguir alcançar com tanta frequência o que está no fundo do armário.

Daí, aprendemos a conviver com ela. E a relação se torna, inevitavelmente, uma relação de amor e ódio, mas gostosa. A gente aprende regras de convívio, aprende a estabelecer relações de troca, a ceder e a receber. A Publicidade passa a ser a nossa vida, nosso amor, as birrinhas, o tédio, o novo, tudojuntomisturado.

No fim, eu acho que posso responder, senhor entrevistador: Eu escolhi a Publicidade porque ela é tudojuntomisturado. Porque ela é o novo, porque ela é o excitante, porque é com ela que a gente vai passar o resto da vida.

Porque ela é melhor que todo o resto. hahahaha




Bom. Pelo menos no começo.

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