terça-feira, agosto 11, 2009

Brilha, brilha estrelinha

São raros os paulistanos que, quando aparece uma folga, um feriado emendado, ou mesmo qualquer final de semana, não pensa duas vezes antes de colocar as malas no carro e fugir daquele ritmo frenético que o engole em todos os outros dias do ano. Daí, é inevitável vermos sempre aqueles congestionamentos homéricos nas saídas da cidade; Guarujá, Campos do Jordão, Atibaia, todas viram novas mini São Paulo. O paulistano acaba escapando para lugares que já vão ficar cheios de outros paulistanos. E a gente sabe como o pessoal que vem da cidade grande transforma as outras cidades em núcleos que não são tão diferentes dos lugares de onde vêm. A fuga é, na verdade, uma armadilha nem tão inesperada que coloca quem foge num lugar que se torna tão parecido com o local de onde fugiu.

Mas o que acontece é que, como eu disse, são raros os paulistanos que não correm para fora da cidade. O que sobra para São Paulo são finais de semanas mais calmos, quase sem trânsito – bom, São Paulo sem um pouquinho de trânsito não é bem São Paulo –. E a cidade se transforma. Parece que o espírito da correria e do estresse se desfaz junto com a fuga em massa e a paulicéia pode mostrar seus encantos, seus lugares mágicos, segredos bem escondidos e que normalmente estão tão encobertos pela fumaça dura do dia-a-dia, o que faz dela a maior – não no sentido de muito grande – cidade brasileira.

Então, ao invés de fazer as malas e fugir da cidade para outra cidade, por que não fugir da cidade dentro dela mesma? Por que não fugir para outra São Paulo mais encantadora, mais mágica, que você nunca viu e cheia de sensações diferentes?

Por mais que se dito o contrário, é de praxe que o paulistano não conhece bem a cidade em que vive. Claro que sabe melhor do que ninguém se localizar entre as ruas. Mas a pequena Rua Avanhandava fica escondida de seu costumeiro mapa. E os finais de semana mais tranqüilos da cidade são ideais para expandir os conhecimentos de localização do paulistano fugidio.

Localizada entre as ruas Martins Fontes e Martinho Prado, a pequena Rua Avanhandava de 140 metros e comprimento e 6 metros de largura foi recentemente restaurada, transformada em um portal para um mundo diferente, colorido, de dar água na boca e ser música para os ouvidos, onde os pedestres têm prioridade.

A ruela conta com restaurantes, bares, lanchonetes, centros de arte e música, transportando-nos para um mundo de boa gastronomia; onde todos têm acesso à arte, à música, a uma atmosfera diferente, sem correria e sem estresse. Um pequeno pedaço da das boêmias capitais da Europa? Dos boulevards parisienses, londrinos, madrilenos? Não, uma rua com todas as caras dos paulistanos, um pequeno pedaço da alma humana, cheia de luz e das mais diversas e deliciosas sensações.

Restaurantes como o Jeremias, O bom, a Central 22 e os tradicionais estabelecimentos da Famiglia Mancini – que auxiliou fortemente na restauração da rua – são os mais procurados por quem já descobriu a Avanhandava. Feirinhas de artesanato e antiguidades acontecem também com bastante freqüência.

A charmosa Rua Avanhandava é dica fundamental para o paulistano que quer fugir da cidade e mergulhar em um universo paralelo a passos livres, calmos e com tudo o que faz bem para o espírito dentro da própria São Paulo.

O que melhor para o paulistano do que fugir para sua própria história em um final de semana qualquer? Redescobrir o centro, redescobrir a partir de onde a paulicéia desvairadamente cresceu, passar por todas as fantásticas sensações que São Paulo tem para oferecer. E, ao fim, conhecer que é de pequenas maravilhas como a Rua Avanhandava que a Grande Metrópole é feita e sobrevive.





*artigo para a Cubo.

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