domingo, setembro 13, 2009

Ah.
Eu resolvi soltar o freio de mão.
É me apaixonar novamente e tentando me livrar dos medos e das aflições e das angústias. E tentando dissolver os medos e aflições e angústias dele.

Fazia tanto tempo que eu não queria tanto dar meu tempo para uma pessoa.
No fundo, ainda tenho certa apreensão de me ver tão próxima do chão, onde eu cai com tanta força. Medo que o Bruno não queira entrar nisso.



Mas ah. Não posso negar.
A sensação é tão boa.

terça-feira, setembro 01, 2009

estado laico my ass.

Eu estava zapeando pelos canais da televisão quando resolvi parar na MTV e ver qual era o assunto do debate que passe por aí, às terças-feiras.
Acontece que o assunto discutido era o acordo entre o Brasil e o Vaticano que prevê a instituição do Ensino Religioso facultativo [?] no Ensino Fundamental nas escolas públicas [o acordo prevê mais um monte de coisa, que listarei aqui depois].

Identifiquei-me prontamente.

Dos 6 aos 14, estudei em colégio de padre. Com missa em dias especiais, velório de padres que morriam e, principalmente, Ensino Religioso obrigatório. Não foi uma escolha minha entrar para um desses colégios, friso. Escolha dos meus pais pelo resto das disciplinas serem ensinadas com bons métodos [régua na mão e ajoelhar no milho. brimqs hahaha].
Eram aulas estranhas. Da primeira até a 7ª série, escrevíamos orações, víamos filmes de Jesus e líamos coisas sobre aquela formiga torta, o Smilinguido.
Na 8ª série, entretanto, entrou um professor novo. O tal do Eugênio tinha tendências pedófilas, claro. Mas era muito de filosofia e sociologia, nomes [e métodos e currículos] que deveriam ser os usados para essa matéria.
Bom. No fim, fiquei de recuperação dessa matéria e me rebelei contra esses princípios doidos religiosos.

Acontece que crianças entre a 1ª e a 8ª série não tem discernimento [bom, acredito] para escolherem, ou saberem analisar por si só se devem ou não fazer a matéria. A moral que permanece vem das famílias.
Uma escola, um sistema educacional deveria fortalecer o ser pensante por si, o ser crítico. [ah doce utopia]. Uma criança de 13 anos vê seus colegas todos assistindo à aula. O que será? Ou, se uma criança tem família de ateus. 'Vai começar a aula de Ensino Religioso. Você, Zeca, pode se retirar'. Sabem?

E outra coisa. Não há o currículo da disciplina. O que vai ser ensinado? Vão tomar base no catoliscismo? Vai tomar caráter filosófico como andam dizendo por aí? E, aliás, como uma criança do Ensino Fundamental vai entrar em temáticas tão profundas, que são larga e dificilmente debatidas em universidades?

Só sei uma coisa. Estado laico my ass.



Outros pontos do acordo Brasil + Vaticano:
01. Isenção fiscal
02. Imunidade das instituições religiosas perante as leis trabalhistas
03. Manutenção, com recursos do Estado, de propriedades, bibliotecas e acervos da igreja católica


Ah. E olhem o artigo primeiro do acordo:
O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação, afirma.


católico.

domingo, agosto 30, 2009

Muita gente sabe que eu passei um tempo fora depois do meu break down pós-Raphael.
E grande parte desse tempo fora, passei dentro de um lugar. Longe de tudo, e perto dele.
Ele, de quem falo, se chama Tom. [há um post por aí narrando como o conheci, perto do Canil, lá na ECA].
O que é de real relevância dizer é que ele estava do meu lado naquele final de semana perdido, em que eu chorava, dormia, chorava e dormia constantemente.
Fugimos um do outro depois de tudo, e nem soubemos direito o por quê. Só precisávamos nos distanciar.

Um reencontro e tudo o que eu tinha aqui dentro sobre ele voltou.
Eu me lembrei de ser apaixonada. Perdi as linhas de pensamento. Perdi as pernas com o tom da voz dele, com o sorriso desconcertante e com 'Vienna' do Billy Joel tocando ao fundo.

Tom voltou e eu consegui esconder minhas cicatrizes que andavam tão sendo cutucadas com uma grande tatuagem em forma de desconhecido.


Slow down, you're doing fine.

sexta-feira, agosto 28, 2009

da insônia a claridade.

Fazia mais de um mês que ele não dormia.
O estranho era que ele sempre tinha tido certa facilidade para dormir. Era encostar o corpo em algum lugar e em poucos minutos tudo se apagava.
As razões para os primeiros dias de insônia foram encontradas no estresse. São muitas horas de trabalho, muito tempo no trânsito, muitas preocupações.
Quando uma semana de noites em claro se completou, uma leve inquietação começou a surgir. Era uma má fase, claro.
Duas semanas, três semanas, um mês. A idéia de ter que se deitar em sua cama todas as noites dava a ele um nervosismo violento. Durante o dia, não conseguia mais trabalhar direito, sua concentração se perdia em qualquer atividade com a perspectiva de ter que passar mais uma noite em claro.

Ele percebeu que não se sentia cansado com um estalo. Não havia olheiras sob seus olhos, não havia dores no corpo. Nas primeiras horas após a constatação, ele se sentiu perdido, se perguntando incessantemente por quê. Buscou ajuda médica, em pesquisas, consultou conhecidos, amigos, família. Nada. Não havia nada que explicasse a insônia e a falta de cansaço.

Uma noite, ao chegar em casa do trabalho, não foi se deitar. Caminhou pela casa e ouviu um barulho vindo da cozinha. Acendeu a luz e buscou de onde poderia ter vindo aquele som. Levou um susto ao olhar para cima e perceber que havia um pequeno buraco, do qual se podia ver o espaço que existe entre teto e telhado.

Subiu na mesa e tentou olhar através do buraco. Desceu, pegou um martelo e começou a aumentar o buraco. Ao terminar, limpou a camada de pó do rosto e se apoiou para subir.
Percebeu que havia uma pessoa sentada ali, um velho.

Alarmado, perguntou ao senhor se ele precisava de ajuda, o que ele fazia lá. O velho sorriu e entregou a ele um caderno. 'Você tem nas mãos o tempo. Use-o o quanto puder'.
Ao tirar os olhos do caderno, o velho não estava mais lá. Procurou pelos cantos mas nenhum sinal daquele estranho senhor.

Sentou-se e olhou para o caderno. Folheou-o e todas as páginas estavam em branco. Jogou o caderno ao seu lado, enraivecido a pensar no último mês, na falta de explicações.

Olhou para o lado, para a capa verde-escura do caderno. Pegou-o com a mão direita. Um lampejo de entendimento veio a seus olhos e ele começou a rir. E compreendeu.

Viu através das frestas do telhado a luz da manhã entrando.
Tinha todo o tempo livre do mundo.

quinta-feira, agosto 27, 2009

'O primeiro mérito de uma teoria crítica exata é fazer parecerem ridículas, de imediato, todas as demais. (...) Além disso, uma teoria concebida com a finalidade de se tornar geral deve evitar aparecer como visivelmente falsa; logo, não se deve expor ao risco de ser desmentida pela sequência dos fatos. Mas também é preciso que seja uma teoria perfeitamente indadmissível. Que ela possa declarar mau, diante das estupefação indignada de todos que o acham bom, o próprio âmago do mundo existente, do qual ela descobriu a natureza exata. A teoria do espetáculo satisfaz a essas exigências'.

Guy Debord. Você é (era) um gênio.
Andei lendo sobre neurologia para o meu Trabalho de Conclusão de Curso.
Acontece que meu lado leigo no assunto cria um medinho meio chato dentro.
É aquela sensação de pisar em ovos, cuidado para não dizer nada errado, para não pagar de quem quis usar para fazer média com a banca.
Viu.
Entender?
Pra quê?

quarta-feira, agosto 26, 2009

Eu não soube como lidar com ele.
Eu nunca soube relacionamentos.
Culpo a tensão, claro. Apesar do atraso.

Eu não quero mais.


hm. eu já fui de escrever melhor.

terça-feira, agosto 25, 2009

Eu tenho uma mania meio chata de reler coisas que considero 'do passado'.
E-mails, cartas, arquivos e blogs antigos.
Às vezes serve para remoer sentimentos doloridos e bem guarados, às vezes serve para matar uma saudade. Mas na maior parte do tempo, serve para saber do que sou formada.
Eu acredito que é disso, sinceramente. Na verdade, passei a acreditar que é de pequenas conversas que eu sou feita, pelo menos 2/3 do que eu sou. Pequenas ou grandes linhas de pensamento.

O ponto mais estranho, porém, é que tudo é tão fragmentado. Eu normalmente perco as linhas, me falta entender os desenvolvimentos. A dificuldade está sempre em saber como os cantos se ligam.

Disso tudo? Tem tantos faltando.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Na semana passada, enquanto eu estava passeando pela minha cidade natal, minha mãe reclamou sobre eu ficar impressionada demais com os filmes que assisto e livros que leio.
Neguei veementemente, disse que sabia muito bem como deixar determinado tempo pré-cronometrado de reflexão, e guardar essas informações meio fundo para apenas serem tiradas quando preciso.

Acontece que hoje eu assisti a um filme que parece ter provado o que ela disse.

Rainer Wenger é um professor que fica responsável por ministrar um curso de uma semana sobre Autocracia a uns alunos do Ensino Médio.
Diante da descrença dos alunos com a possibilidade que um governo ditatorial possui para emergir a qualquer época da humanidade, o professor resolve fazer uma experiência-limite.
Começando com ensino de postura e respiração correta, a experiência toma proporções, conforme passam os dias da semana, que vão além do controle do professor.
O uso de uniformes, a invenção de uma saudação, criação de um nome, de uma logomarca; tudo isso contribui para criar nos alunos a sensação de fazerem parte de um movimento que pode mudar a Alemanha.


Os limites da convivência com o que é diferente, com o que não faz parte da chamada 'A Onda' são testados. Começam ações de violência e exclusão, mais e mais jovens aderem ao movimento.

O filme chega a um final um bocado tenso, o qual eu não pretendo revelar.

'A Onda' é um filme baseado em uma experiência acadêmica real, de 1967, que tomou lugar em uma escola de uma cidade da Califórnia.
O nome do professor é Ron Jones e ele ministrava história.
O filme é bastante fiel à história real [apesar de passar na Alemanha, o que nos dá uma sensação de muito mais proximidade ao Nazismo], que foi publicada em livros e ensaios e é bastante boa para ser lida.

O professor Ron foi preso e proibido de dar aulas em escolas públicas.

O que mais me impressionou foi a facilidade com que um regime autoritário pode emergir a qualquer momento, em qualquer país. Fiquei pensando se o fato de serem alunos, e de eles serem muito mais abertos aos ensinamentos de outra pessoa [neste caso, potencializado pela figura de um professor] tenha tornado mais fácil a criação de um ambiente como aquele.
Ou se é o ser humano que tende a se agrupar e a agarrar o ideal de 'nacionalismo'.
Fica o questionamento sobre a maneira como o professor lidou com as noções de individualismo e sentimento de grupo.

Ao fim, vale a pena e se impressionar. A experiência traz uma abordagem psicológica do totalitarismo, bastante fundamental para entender um outro lado.






Quem quiser ler, clique aqui para ler o ensaio 'The Third Wave', do professor Ron Jones.

James Joyce safadão

Eudescobri que gosto muito de James Joyce.

É bem certo que, um dia na vida e seja lá qual for ele, você vai ouvir falar de James Joyce. Nem que seja saindo da boca de gente que diz que 'Ulysses' só serve para ser usado como apoio de mesa.
Mas todo mundo fica lá idealizando um cara e botando medo nas criança falando que o livro todo tem umas 1200 páginas contando um dia só na vida do Leopold Bloom.

Mas a minha descoberta está bem ligada ao fato que James Joyce tá bem mais dentro de você do que sonha sua vã filosofia. Pois tratem de colocar o cara no chão e aprender que o rapaz escrevia coisas que são para todo mundo entender, seja de que forma for.

E eu posso provar isso.

James Joyce era casado com uma mulher chamada Nora. Antes de eles se casarem, passaram muitos anos separados, vendo-se ocasionalmente como quase todo namoro de 1800 e alguma coisa. E como todo casal da época, eles se correspondiam por cartas. E é aí que James Joyce está bem mais perto de você, jovem com hormônios loucos, do que você imagina.

As cartas de James Joyce para Nora tinham, hm, certo tom erótico. Isso, erótico. Péra, erótico? Nada. Pornográfico mesmo. De baixo calão. Com muito sexo, fluídos corporais e tudo o que tinha direito.


Eu sou é maroto.

São cartas saudosistas de tempos em que, hm, Joyce podia ter sua mulher em seus braços. Ele relembra de momentos que estiveram juntos e deseja momentos futuros.

O interessante é que, deixando o lado pornográfico da coisa, tem muito de James Joyce naquelas cartas. Extremamente bem escritas, o leitor até chega a pensar que elas têm certo bom gosto.

Você pode muito bem começar a ler James Joyce pelas cartas que ele escrevia para sua mulher. Elas não estão publicadas em nenhum livro porque, por algum motivo, os netos têm certa vergonha. Mas você pode encontrá-las neste site aqui.

Dá para, de certa forma, sentir que Joyce era muito mais humano [e mais pervertido] do que as pessoas que nos põem medo em relação a ele dizem.

Depois dessa, ler 'Ulysses' vai ficar muito mais fácil.

quarta-feira, agosto 19, 2009

[para ler ouvindo 'love song' do elton john]


Os passos eram lentos, calmos. Quase arrastados, só não por medo de perder as sandálias.
Todo o mundo era visto pelo chão. Era por ele que ela sabia a vida. Seus pés, o chão e as complicações.

Ela aprendeu a entender os pés, a entender as calçadas, as folhas no chão, o caminhar das pessoas. Sabia de cor quantos passos de sua casa à casa de sua avó. Sabia como eram os desníveis das calçadas, as cores dos ladrilhos, a chuva pingando no chão.

Mas um dia, com um tênis furado, remendado por fita isolante prateada, ele parou na frente dela. Ela, que só sentia e não queria entender os por quês, nem ter que olhar para frente; só sabia ver o momento em que caminhava, só sabia entender o pedaço de chão em que pisava.

Ele a levou por lugares diferentes dos quais ela via. Um pouco de grama, um caminho de tijolos vermelhos, terra batida e caminhos bonitos. Ela se apaixonou e por muito tempo seguiu os passos dele e caminhou lado a lado.

Mas um dia, ele perguntou por que ela não olhava para frente, por que não via o futuro deles. Ela não sabia o que dizer, ela não sabia como não apreciar cada passo, entender cada passo, mergulhar em cada passo. E ele continuava a perguntar. E ela se sentia triste.

E ela cedeu. Neste dia, levantou a cabeça e olhou para frente. E nunca mais enxergou.
Ali, naquele bar a três quarteirões da minha casa em Batatais, fiquei pensando na dimensão tempo. Duas amigas de longa data sentadas comigo em uma mesa com cerveja sendo bebida a uma velocidade bem mais lenta que há três, quatro anos atrás.

A Emília e a Laíza eu conheço muito bem. São grandes amigas minhas, desde épocas em que lançavam filmes em vídeo e vinis eram top.

mas. O que fez tudo isso durar tanto tempo? Era aquilo que eu defendia?; que a sensação de familiaridade, de bem estar, faz com que determinadas pessoas sejam mantidas em nosso círculo de amizades? Que elas se tornam tão reconhecíveis que partir para novas companhias traz aquela sensação de desconforto que só as novidades sabem como nos dar?

Pensei em tudo o que aconteceu. De como eu quebrei meu braço esquerdo para não deixar a Emília bater a cabeça no chão em uma queda de cavalo. Pensei em como o Théo traiu a Laíza comigo, em meados de 2004.

São raras as pessoas que eu deixei ficar na minha vida, ou mesmo que realmente quiseram ficar por aqui. Eu nunca soube, na verdade, manter uma amizade. Deve ser porque elas também nunca souberam muito bem fazê-lo que nos damos tão bem. As nossas regras de relacionamento são mais simples que as dos outros.

Encostei na cadeira e sorri. Pensei no quanto era sortuda com aquelas duas. E resolvi marcar no blog só uma brincadeira para que eu não me esquecesse dessa facilidade que eu tenho lá em Batatais.

domingo, agosto 16, 2009

Eu nasci na época errada, não é possível.

A sensação de ter o cabelo todo errado pra 2009 é o que aparece primeiro quando eu fico irritada com esse assunto.
Logo depois, vem o que predomina no meu acervo musical. Eu até sei o que é Rhianna e Ja Rule. Mas não me peça pra diferenciar o estilo musical de cada cantor de hoje.
O terceiro ponto é tosco-fashionista. Calça baixa pra mim é lixo. E não é por ser gordinha não.

Na verdade, isso dá margem para uma velha inquietação minha: tá acontecendo muita coisa estranha.
Eu fico pensando se vai acontecer o mesmo que aconteceu com os anos 90 para mim. Que agora eu acho No Doubt e Joan Orborne clássicos. E sei muito bem entender o que aconteceu na época, entre meus 3 e 12 anos de idade.
Hm. Então obviamente a resposta é que ficamos perdidos no nosso tempo. Period.
Ou somos nós, os jovens, que vemos tudo de perto e ficamos meio balançados com tudo.
Mas se formos pensar de verdade, tinha tanta gente há 40 anos atrás, bem no Woodstock, que sabia o que estava acontecendo direitinho. Bem que tudo aquilo ia ser projetado pra longe.

Será que em 2020 eu vou olhar para 2000 e compreender o que acontecia? [não que eu vá achar que Rhianna e Ja Rule são clássicos, porque eu mesma bato o pé de verdade para música.] Será que é essa a causa da minha irritação? Que eu, não conseguindo entender, fico puta e odeio essas coisas; escolhendo uma década que eu acho certa para mim de acordo com o estilo de vida que eu escolhi seguir?

Mas, ao fim, eu tenho certeza que, se tivesse vivido meus 21 anos em 70, eu seria exatamente como eu sou hoje. Somando uma leve dose de confusão interna.

terça-feira, agosto 11, 2009

Eu tenho tripla personalidade.
Não, não me enganei pelo fato de serem três personalidades, e não duas. São, são realmente três.
E cada uma não tem uma ocasião correta para aparecer, não. Elas vão e voltam quando bem entendem.

É bem divertido, na verdade. Muita gente considera isso como bipolaridade [tripolaridade? hein?]. Mas eu só acho que é a capacidade de ser mais versátil.
Ahn, se fosse assim, eu seria atriz, e não redatora.

Acho que é isso, então. Vou ser atriz.
Vou atuar no Oficina e correr pelada por aquele corredor.




Ingressos a 10 reais.
Nem todas as pessoas têm o bom gosto de ser decentes.
Fico pensando sobre a quantidade de nãos que as pessoas dizem. Os simples nãos, que vão completar uma sombra bem maior no mundo. Uma ausência de luz quase ensurdecedora.
Cada vez que alguém pede um favor, ou qualquer coisa desde um elástico de cabelo, e a resposta é não, um quilo cai sobre as costas do mundo.
O convívio social seria mais agradáveis se houvesse menos nãos



hunf. e tenho dito.

Brilha, brilha estrelinha

São raros os paulistanos que, quando aparece uma folga, um feriado emendado, ou mesmo qualquer final de semana, não pensa duas vezes antes de colocar as malas no carro e fugir daquele ritmo frenético que o engole em todos os outros dias do ano. Daí, é inevitável vermos sempre aqueles congestionamentos homéricos nas saídas da cidade; Guarujá, Campos do Jordão, Atibaia, todas viram novas mini São Paulo. O paulistano acaba escapando para lugares que já vão ficar cheios de outros paulistanos. E a gente sabe como o pessoal que vem da cidade grande transforma as outras cidades em núcleos que não são tão diferentes dos lugares de onde vêm. A fuga é, na verdade, uma armadilha nem tão inesperada que coloca quem foge num lugar que se torna tão parecido com o local de onde fugiu.

Mas o que acontece é que, como eu disse, são raros os paulistanos que não correm para fora da cidade. O que sobra para São Paulo são finais de semanas mais calmos, quase sem trânsito – bom, São Paulo sem um pouquinho de trânsito não é bem São Paulo –. E a cidade se transforma. Parece que o espírito da correria e do estresse se desfaz junto com a fuga em massa e a paulicéia pode mostrar seus encantos, seus lugares mágicos, segredos bem escondidos e que normalmente estão tão encobertos pela fumaça dura do dia-a-dia, o que faz dela a maior – não no sentido de muito grande – cidade brasileira.

Então, ao invés de fazer as malas e fugir da cidade para outra cidade, por que não fugir da cidade dentro dela mesma? Por que não fugir para outra São Paulo mais encantadora, mais mágica, que você nunca viu e cheia de sensações diferentes?

Por mais que se dito o contrário, é de praxe que o paulistano não conhece bem a cidade em que vive. Claro que sabe melhor do que ninguém se localizar entre as ruas. Mas a pequena Rua Avanhandava fica escondida de seu costumeiro mapa. E os finais de semana mais tranqüilos da cidade são ideais para expandir os conhecimentos de localização do paulistano fugidio.

Localizada entre as ruas Martins Fontes e Martinho Prado, a pequena Rua Avanhandava de 140 metros e comprimento e 6 metros de largura foi recentemente restaurada, transformada em um portal para um mundo diferente, colorido, de dar água na boca e ser música para os ouvidos, onde os pedestres têm prioridade.

A ruela conta com restaurantes, bares, lanchonetes, centros de arte e música, transportando-nos para um mundo de boa gastronomia; onde todos têm acesso à arte, à música, a uma atmosfera diferente, sem correria e sem estresse. Um pequeno pedaço da das boêmias capitais da Europa? Dos boulevards parisienses, londrinos, madrilenos? Não, uma rua com todas as caras dos paulistanos, um pequeno pedaço da alma humana, cheia de luz e das mais diversas e deliciosas sensações.

Restaurantes como o Jeremias, O bom, a Central 22 e os tradicionais estabelecimentos da Famiglia Mancini – que auxiliou fortemente na restauração da rua – são os mais procurados por quem já descobriu a Avanhandava. Feirinhas de artesanato e antiguidades acontecem também com bastante freqüência.

A charmosa Rua Avanhandava é dica fundamental para o paulistano que quer fugir da cidade e mergulhar em um universo paralelo a passos livres, calmos e com tudo o que faz bem para o espírito dentro da própria São Paulo.

O que melhor para o paulistano do que fugir para sua própria história em um final de semana qualquer? Redescobrir o centro, redescobrir a partir de onde a paulicéia desvairadamente cresceu, passar por todas as fantásticas sensações que São Paulo tem para oferecer. E, ao fim, conhecer que é de pequenas maravilhas como a Rua Avanhandava que a Grande Metrópole é feita e sobrevive.





*artigo para a Cubo.

domingo, agosto 02, 2009

Toda vez que eu faço uma entrevista, alguém me pergunta por que eu escolhi fazer Publicidade.
Do alto do meu egocentrimos natural de publicitária, dizia que tinha nascido para a profissão, que era comunicativa, que achava tudo muito divertido.

Mas, para falar a mais pura verdade, eu não acho que tenha uma resposta direta para a pergunta.
Não que eu ache que foi como quem escolhe Administração, por não haver nada mais pontual para escolher ali na ficha de inscrição do vestibular. Só, aqui bem no fundo, eu confesso que às vezes não sei.

Publicidade, para quem está do lado de fora, tem aquele glamour violento, brilhante. Todo mundo é cool, todo mundo é inteligente, todo mundo é criativo e conhece tudo sobre tudo. Para uma garota de 17 anos, até pareceu tudo isso.
Bem dentro do meio, nem é tudo isso, sabe. Virar noites, fazer as vontades de clientes, o clima de briga todo-mundo-passa-por-cima-de-todo-mundo, guerra de egos, premiações pseudo-superiores. A relação é quase de amor e ódio.

Quem é publicitário não tem muito outra vida não. O almoço de família do domingo é tão trocado por horas de trabalho. A noite de sexo com a namorada passa a ser imaginária quando tem aquele anúncio pro dia seguinte. Tudo é tão assim que a gente fica pensando que quem escolhe fazer Publicidade, escolhe como escolhe um amante, um amigo novo, uma coisinha que a gente julga melhor que todas as outras. É quase sempre algo em detrimento de outro.

Como um brinquedo novo. A gente ganha um, todos os outros vão para o fundo do armário. E a gente brinca só com aquela pecinha brilhante, linda, uma novidade. Só que a pecinha é um artigo de hipnose que nunca mais deixa a gente conseguir alcançar com tanta frequência o que está no fundo do armário.

Daí, aprendemos a conviver com ela. E a relação se torna, inevitavelmente, uma relação de amor e ódio, mas gostosa. A gente aprende regras de convívio, aprende a estabelecer relações de troca, a ceder e a receber. A Publicidade passa a ser a nossa vida, nosso amor, as birrinhas, o tédio, o novo, tudojuntomisturado.

No fim, eu acho que posso responder, senhor entrevistador: Eu escolhi a Publicidade porque ela é tudojuntomisturado. Porque ela é o novo, porque ela é o excitante, porque é com ela que a gente vai passar o resto da vida.

Porque ela é melhor que todo o resto. hahahaha




Bom. Pelo menos no começo.

terça-feira, julho 28, 2009

delicinha de texto que eu achei num blog antigo meu. diverti-me tanto.

'do 'eu não sou feminista' fator-lógico'

Eu não sei o que é o feminismo.
Sei da existência da palavra, sei que existem definições do dicionário, sei que existem pessoas com grupos que organizam ações e coisinhas do tipo totalmente baseadas neste fator feminismo. Sei até o que é um fator. Só que a discussão vai um bocado mais além.

Acho que é a Wikipedia que diz que o feminismo enquanto movimento teve origem no século XVIII, com a tal Mary Wortley Montague e a Marquesa de Condorcet.

Mas foi com o começo de algumas revoluções quase-populares, como a própria Revolução Francesa [que de popular nem tem muito, mas mesmo assim, né], que as mulheres começaram a ter direito a manifestação de opiniões e coisas do tipo; através de partidos de esquerda.

Daí, os movimentos feministas passaram a ficar intimamente ligados aos movimentos políticos; pela defesa de direitos naturais iguais. Com muitos anos se passando e um bocado de soutiens sendo queimados; registra-se, por exemplo, a instauração do casamento civil e a legislação do divórcio [apesar de eu achar que ela ainda tem umas falhas]; o direito ao voto; crescimento das oportunidades de trabalho para mulheres e salários mais próximos aos dos homens [rá, muito longe, ainda, de oportunidades e promoções equiparadas]; direito ao aborto, e alguns fatores afins.

Acontece que, neste tal século super avançadinho, a noção de feminismo se perdeu quase que por completo. Parece-me que há alguma espécie de revestimento negativo na busca pela dissolução do fator-lógico que permeia suas antigas definições. Soa como algo obsoleto e ultrapassado; como se as mulheres do mundo já houvessem adquirido todas as coisas necessárias para uma sociedade mais igualitária.

Essa negatividade existe em uma busca por acabar com a chatice que virou tudo isso. Mas, acontece que, em um mundo onde eu ainda sofro preconceito de cobrador de ônibus, piadinhas ridículas quando dirijo, ou mesmo quando corto meus cabelos curtos; alguma coisa está errada. Juro que encaro tudo com o maior bom humor, mas que bando de nojeiras. Quando existem pequenas cutucadas amplamente permitidas e milhares de mulheres apanhando dos maridos e tendo, até mesmo, seus clitóris sendo cortados para que não possam sentir prazer, algum novo movimento precisa ter início. Tudo bem que eu acredito que existe uma luta surda, quase muda enquanto fraquinha desse jeito, de mulheres crescendo em seus mercados de trabalho, de filhas se rebelando contra criações machistas em suas casas; mas o processo é de conscientização.

E eu me pergunto, novamente, o que é o feminismo; e se todas as conquistas serviram como lição. Se tudo o que nós, mulheres, temos hoje em dia. No meu exemplo, já tive vaga de criação perdida por ser um mercado quase exclusivamente masculino. E num mundo tão avançadinho como o publicitário. Cadê todos os efeitos na educação moral do mundo?

Não estou pregando o ódio contra os homens, muito pelo contrário. É só, ô gente; parar com toda essa bobagem de salário menor e ‘mulhertemqueficaremcasa’. Na minha singela opinião, todo mundo tem que ler a Simone de Beauvoir, né.

E o término. Que postagem confusa.

terça-feira, julho 14, 2009

Dia frio por demais pra quem falta calor; os dias não perdoam nem a si mesmos, e se atropelam quase sem pressa.
É assim que o amor se sucede - pálido, parece feito de louça - .
Frágil amor o que moldamos de vento e distância.
Em cada brecha, sempre. Pra te dizer que é imenso e arredio, como uma foice a cortar a noite escura. Mergulha nela, em mim.
Notívagos, caminhamos por entre nossos próprios corpos a buscar o indizível toque - nossos segredos de inverno - .
Quero tua voz dentro de mim, a me calar.
Agora. E sempre.

Frágil, por sentir que a um toque dos longos braços do tempo, ele quebra. Forte, por sabermos que há um muro que impede esses mesmos braços. Mas não os nossos. Nunca os nossos.
É de únicas vezes que eu sou feita. É de inigualáveis vezes que você me fez.
Eles dividiam um espaçoso apartamento há dois anos. Muito precocemente, chegaram à conclusão de que não viveriam um longe do outro. Chegou a achar impossível um interesse por qualquer outro representante do sexo oposto, 'um exagero', pensou durante a última semana. A idéia de possuir um endereço em comum ainda a acomodava, ainda dava uma sensação de segurança. Ou mesmo um compartilhamento de cama e cobertores, ombros e braços, pernas e meias. Odiava se anular perante a presença dele, mas sabia que não poderia deixar de se render.

Haviam se conhecido quando ele, num ato alheio à sua personalidade, resolveu frequentar uma aula de dança flamenca. Ela, a professora, o encantou profundamente. Ele não se conteve ao olhar aquelas pernas, os joelhos e os calcanhares. O cabelo negro e espesso fazia um movimento contínuo, uma dançar que o embalava. Não pôde evitar o desejo. Ela o ignorava, sustentando a posição de meta a ser conquistada, como uma mulher faz quando sabe que é desejada. Ele perdeu o chão e os braços e ela ria dele. Fizeram amor naquela mesma noite. Mudaram-se para o apartamento comprado com anos de economias um mês depois de terem se conhecido. Nada era precipitado naquele ano, de paixões ardentes e música.

Os dois anos passados foram intensos, repletos de novidades exageradas. Ele descobria o corpo dela, ela aprendia sobre o mundo. Não entendia como um homem como ele, casmurro, um intelectual e literato, pudesse interessar-se por uma professora de dança flamenca. 'Os opostos se atraem', ele comentava enquanto beijava a nuca dela, branca como os lençóis, e passava a mão morena por suas costas. Hoje, ela julga uma fantasia.

A idéia do endereço em comum passou a incomodá-la quando ele recebeu uma carta. O cheiro e a letra de mulher a intrigaram. Ela sabia que não podia lê-la. Foi dessa impossibilidade que teorias fantasiosas surgiam à sua mente. 'Abro para evitar uma possível morte por coração'. Com o vapor que saia da água que brobulhava, o envelope se abriu. Convites aceitos e conversas fascinantes mostravam o texto como uma resposta. 'Típico dele, as longas conversas. Uma amiga'. Enquanto passava os olhos pelas letras, percebia um carinho que nascia de cada palavra e de cada sentido por trás delas. Sabia que era o tipo de mulher que o atraía. Pousou o envelope sobre a bancada da cozinha e sentou-se. Com a cabeça apoiada na mão direita e a esquerda passeando pelos cabelos, ela pensava em amantes. 'Talvez ele queira mesmo ter duas mulher. Uma que o satisfaça fisicamente; outra, intelectualmente. Tão justificável'. Mas pensava e não era o bastante para evitar o peso no peito. 'Por que ele não fica com uma? Tenho a certeza que ele consegue enxergar beleza em qualquer mulher'. Não evitou a raiva e nem quis fazê-lo. Sentia-se no direito de interrogar. Até mesmo de parecer ciumenta, posição que nunca ocupou devidamente. Queria fasciná-lo. Queria justificar algo cheio de impossibilidades. 'Homens...'. Algo como vingança? Não queria sentir tal absurdo. Ele estava com ela.




[metade de texto encontrado em um dos meus cadernos. continuar.]

quarta-feira, julho 08, 2009

Preciso arrumar alguma para fazer aqui senão eu vou embora. ae hahaha

sábado, julho 04, 2009

O momento certo é realmente tudo na vida?

A minha crise principal, que vem me acompanhando há uns bons meses, mais precisamente desde que Raphael terminou o namoro comigo. Entrei em uma boa onda de pensamentos sobre como começar a dar reais diretrizes para a minha vida.

Eu só, tão, não quero que ela seja medíocre. Obviamente, para mim.
As perguntas ficam cada vez mais pontuais, envolvendo alimentação, postura, exercícios físicos, horários.
Até que o obviamente nem é tão obviamente assim.
Ando reclamando da pressão subentendida. Às vezes nem é fraqueza.

Sabe quando há tanta, mas tanta vida, tanta vontade; e essa necessidade de filtragem sobre o que passar. Pra quê segurar?

Medinho.

sexta-feira, julho 03, 2009

A dor de cabeça não passa.
Abri uma cerveja, buscando aquele amortecimento para tentar fazer a dor passar.

Em vão.

Fiquei pensando se eram lentes de contato com grau mais fraco, ou qualquer coisa do tipo. Venho me achando tão cega ultimamente.
Mas, não é o cansaço?
O cansaço que corrói os olhos, as costas, a boca, as mãos.
Ando experimentando esse tipo de coisa, ultimamente. Todas elas tão parte desse ritmo novo de vida.
Estar tão envolvida com cada uma dessas partes e crises e tudo o mais.
Faz uma parte grande dos meus dias, por ora. Sentir.

Enquanto passa algum filme da minha infância e nada faz efeito para que essa dor passe.
A constante é incrível.
Mas, finalmente satisfeita.

domingo, junho 28, 2009

Eu não escrevo há tanto tempo em blogs que me esqueci de como era esse layoutezinho de postagem do Blogger.
Não me lembro, também, de como eram os momentos. Aquele segundo crucial em que uma voz na minha cabeça brincava 'vou postar no blog'. Sei que havia um tempo, até o fatídico outubro de 2008, em que postar por aqui era quase mandatório por meus dias paulistanos.

Dias paulistanos.
Dias mais envoltos em publicidade do que aqueles por volta de 2006, assim que entrei na faculdade. Dias mais cheios de decepção, também. Não com menos sonhos, mas cheios de baques e tombos.
Afinal, de que é feita essa vida adulta senão de caídas? Nunca vi um adulto cheio de sonhos e felicidades por conseguir comprar um livro que tanto esperava, ou por ficar feliz com o lançamento do Harry Potter [ponto no qual eu me encontro, com bastante confusão interna a respeito de que devo ou não deixar entrar na minha vida adulta].

Daí eu fico pensando, entre um bocado de coisas, sobre o que fazer com a minha vida. Acho que a melhor profissão do mundo é a do escritor. Antigamente eu achava que atores viviam melhor, por viverem vidas, por serem não importa quem, mas serem. Acontece que eles sentem menos, acho eu. Defendo atores que se envolvem e que conseguem sumir no meio de um papel. Mas eles sentem menos.
São os escritores que têm dentro deles vários mundos, várias vidas, várias histórias. São eles que precisam colocar para fora o que já existe dentro deles, que ninguém criou.

Ser adulta. Ter 21 anos. Estar bem no ponto. final para decisões. At least, segundo os padrões do mundo ocidental. Cobranças, dinheiro, network. É agora que eu me vejo segurando no que acredito ou acreditava até uns anos atrás com as pontas dos dedos, quase escapando.

E sei dizer que a sensação final é: merda. Eu, às vezes, sei o que quero. Não sei como vai ser, though, o que me deixa muito mais feliz.